quinta-feira, 30 de julho de 2009

Enloucrescendo


Estou diante de uma grande decisão e, na minha ansiedade, só consigo pensar:

"Crescer enlouquece!"

Cadê a camisa de força?

sábado, 25 de julho de 2009

Aniversário do Blog

Há pouco mais de um ano eu criei esse blog. Nossa, como o tempo passou rápido! Tão rápido que só hoje percebi que esse meu espaço aqui já deveria ter feito aniversário.
Li o primeiro post e ainda tenho as mesmas dúvidas e a mesma ânsia de escrever. Sim, várias coisas aconteceram, boas e ruins, mas ainda tem um coração “estúpido, ridículo e frágil” batendo por aqui. É claro que ele tem algumas cicatrizes a mais, alguns remendos, feridas curadas e profundezas ainda inexploradas.
E é esse coração que inventa histórias, que fala empolgado das coisas, que lamenta e que se exalta nesse espaço chamado blog que de tão meu passou a ser de todo mundo. Letras, palavras, frases, que, uma a uma, vão deixando nas entrelinhas alguma mensagem pra você, assim como naquela história infantil em que os personagens jogam pedaços de pão para marcar o caminho. (Só espero que os pássaros não comam os pães que joguei por aí).
Aqui posso escrever o que quiser. É o espaço das coisas não ditas por outros meios, é o local exato das palavras que devem ser inauditas, onde as histórias ficarão seguras, onde não há riscos e nem culpa. E é também aqui que posso sonhar que alguém de muito longe pode me ler.

“Tu sabes como é grande o mundo.
Conheces os navios que levam petróleo e livros, carne e algodão.
Viste as diferentes cores dos homens,
as diferentes dores dos homens,
sabes como é difícil sofrer tudo isso, amontoar tudo isso
num só peito de homem...sem que ele estale.

Fecha os olhos e esquece.
Escuta a água nos vidros,
tão calma. Não anuncia nada.
Entretanto escorre nas mãos,
tão calma! Vai inundando tudo...

Renascerão as cidades submersas?
Os homens submersos -voltarão?
Meu coração não sabe.
Estúpido, ridículo e frágil é meu coração.
Só agora descubrocomo é triste ignorar certas coisas.
(Na solidão de indivíduo
desaprendi a linguagem
com que homens se comunicam).”

Carlos Drummond de Andrade em Mundo Grande

Textos e imagens desse blog só podem ser publicados e/ou utilizados em outros locais com autorização da autora.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

“Boi”, o amor entre um ser humano e um animal

Foto: Layza Vasconcelos


Zé Argemiro (Guido Campos), um menino pra lá de diferente dos outros meninos, só quer saber de estar na companhia dos bois. Gosta de ver a nuvem de poeira que os animais fazem ao pisar o chão do cerrado, gosta de banhar-se no rio com os bichos, gosta de acompanhá-los até mesmo à noite. Ama o boi Dourado.
Ele cresce e essa esquisitice preocupa a mãe. Para uma mulher sertaneja, que lida na roça, o melhor é que o filho case logo. Para isso há as filhas de um compadre, Das Dores e Dos Anjos. Zé Argemiro pode escolher entre a meiguice de Dos Anjos, que serve café quente e o fogo de Das Dores, que serve café frio.
Para a dor de Argemiro ele escolhe Das Dores. Logo a mulher começa a ter ciúmes de Dourado. É que o marido dá mais atenção ao boi que a ela. Mas o pior é que ele vai se tornando meio bicho, meio gente. Para Das Dores até a língua do esposo é áspera como a do animal. Louca de ciúmes, Das Dores planeja algo macabro para que Zé Argemiro se afaste do boi que tanto ama.
Essa é a peça “Boi”, com texto original de Miguel Jorge, direção e adaptação de Hugo Rodas. Todos os personagens são representados por Guido Campos. Um exercício e tanto para o ator que tem que se desdobrar em múltiplos personagens. Apenas a mãe de Zé Argemiro ficou muito parecida com a mãe do personagem de “A Terceira Margem do Rio”, monólogo também apresentado pelo ator. Guido mostra um excelente trabalho corporal que pode ser visto em cada cena, cada movimento e é claro, quando ele dança no palco.
A iluminação ajuda a compor o cenário de penumbra e de mistério. A luz ajuda a perguntar: Onde é que isso tudo vai parar?
O cenário é composto por uma mesa e o fundo do palco é coberto por placas de alumínio que refletem o que se passa em cena com determinado tipo de luz. O que faz com que algumas cenas fiquem realmente lindas, refletidas inúmeras vezes ao longo do material.
Quem for assistir, não esqueça de pegar as bandeirolas no começo do espetáculo! Tudo pelo bem da interação da platéia com o espetáculo, é que esse negócio tá na moda!


“Boi” foi apresentada no teatro Goiânia Ouro entre os dias 18 e 20 de julho.
Quem ficou com vontade de assistir, será reapresentada hoje, dia 23 e dia 30 às 21h também no Goiânia Ouro.

Textos e imagens desse blog só podem ser publicados e/ou utilizados em outros locais com autorização da autora.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Era uma vez no Oeste


Estava doida para saber o que era esse tal de Western Spaghetti que a crítica da Veja Isabela Boscov havia comentado na oficina de Crítica de Cinema durante o Fica. Depois de pesquisar sobre o assunto fui assistir "Era uma vez no Oeste", de Sérgio Leone. Estou fascinada!
A fotografia é linda, a história é muito interessante, não há previsibilidade. Mas o que mais gostei mesmo foi da trilha sonora. Logo eu que não entendo muito de música. Cada pistoleiro tem a sua música e é muito interessante como ela traduz como é aquele personagem no filme.
A música do mocinho Gaita é algo misterioso, a do vilão Frank é pesada e a de Chayenne é uma coisa meio bandoleira, como se ele não estivesse nem aí pra nada.
Muito bom o filme! Recomendo!

Textos e imagens desse blog só podem ser publicados e/ou utilizados em outros locais com autorização da autora.

sábado, 18 de julho de 2009

A carta

Seu Cartero, faz o favor de intrega essa carta pro Zé, meu marido. É qui ele foi pra São Paulo trabaia i nunca mais qui vorto. O Mané da venda disse qui São Paulo é uma cidade grande, mas acho qui num há de se difícil acha ele. Aqui ele é conhecido como Zé das Onça, tem o cabelo e os olho preto, num é nem muito arto, nem muito baxo e é muito bão na inchada. Num há di se difícil de achá, é só perguntá pelo marido da Rosinha, filha do Artino. Ele é cunversadô e o povo logo há de sabe quem é.
Muito agradecida,
Rosinha

A carta...

Zé,
Hoje faz 4 ano que ocê foi praí e nunca mais deu nutícia. Fico aqui rezando pra ocê num tê se perdido nesse mudareu de rua que diz que é essa cidade. Escrevo procê pra dizê que os minino tão bem.
O Bentinho tá trabalhano na roça do Nicolau, monta a cavalo bem qui nem ocê. O Chico aprendeu umas moda de viola naquela sua viola velha e anda por aí contano qui nem passarim. Esses dias vei um circo aí na vila e a Ritinha quase morreu de alegria quando viu aquela mulher que balanga lá no arto. A Ritinha, aquela boba, inté choro de alegria, achano que a moça fazia era vua.
Mas o que eu queria memo é pergunta procê se ocê num senti sardade. Sardade do arroz cum piqui, do frango cum milho, da pamonha nos dia frio, do leite quente que eu esquantava procê todo dia cedo, das nossa mão dada na hora de drumi. Eu quiria era sabe se ocê ainda pensa ni mim.
Fica cum Deus,
Rosinha.

Textos e imagens desse blog só podem ser publicados e/ou utilizados em outros locais com autorização da autora.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Não me metam medo

Nãoooo! Eu não quero mais ouvir essas notícias!
Não quero mais ouvir a história de um adolescente de 16 anos que foi baleado por dois jovens de 23 anos ao sair do cinema em Goiânia.
Também não quero mais saber de fatos como os que aconteceram com duas adolescentes mortas perto do córrego Santo Antônio, em Aparecida de Goiânia, por outros quatro jovens. O motivo? Vingança, é que o irmão de uma das vítimas tinha uma dívida de drogas.
E aquelas duas irmãs, uma de 13 outra de 14 anos achadas mortas perto do córrego Santo Antônio? Por favor, não, não e não! Não suporto lembrar que um menor de apenas 17 anos, ex-namorado da menina de 14, confessou o crime e disse que matou porque ela merecia, já que ela não queria mais namorar com ele!
Céus!
Por favor, gente, um dia eu ainda quero ter quatro filhos e uma família de comercial de margarina. Não me metam medo...

Textos e imagens desse blog só podem ser publicados e/ou utilizados em outros locais com autorização da autora.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Medo de saltar

Estou maravilhada com o silêncio que faz aqui essa hora da noite, ou melhor, do dia que mal começou. Nem abri a janela com medo de que um pequeno ruído pudesse entrar. É assim que quero ficar, preenchida de silêncio. Quero continuar vendo as ruas lá fora e não notar nada de especial, a não ser um carro solitário. Grandes quarteirões cobertos por escuridão, pequenas janelas com luzes acesas, pequenos pontos de luz que se perdem por aí.
É que tenho andado com a cabeça a mil. Mil e uma idéias, questionamentos, inquietações e vontades. É tão estranho ter saudade de coisas que nunca vivi. Tenho vontade de mudar, mas não sei por onde começar. Não falo de mudanças pequenas, como o corte de cabelo ou o estilo de roupa, mas de grandes coisas. Mudar, mudar, mudar pra continuar sendo eu mesma, pra não me perder de mim mesma.
Mexer no que anda me incomodando. Me procurar onde nunca estive e que em meus pensamentos acho que me daria muito bem. É como se eu estivesse diante de um novelo de linha muito, mas muito enrolado e não soubesse como começar a desembaraçá-lo. É como se eu quisesse mergulhar no silêncio lá de fora, mas aqui, em cima do trampolim tenho medo do salto.

Textos e imagens desse blog só podem ser publicados e/ou utilizados em outros locais com autorização da autora.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

O novo professor de Literatura

Era uma manhã como todas as outras e no intervalo de uma aula e outra, ela estava de costas para a porta da sala conversando com as amigas. Toda a turma esperava pelo novo professor de Literatura, já que o antigo havia se demitido na semana anterior. Ela sorria da história da colega quando toda a classe silenciou. Sentiu uma presença muito forte que passava atrás dela. Ele havia chegado. Virou-se e o viu.

O professor, para a surpresa dela, era bem mais novo que os outros professores. Ele tinha olhos penetrantes e olhava para ela. Não sabia o que fazer, parecia que tudo a sua volta havia sumido, não podia mais escutar os colegas de classe, não conseguia nem mesmo pensar direito, as mãos suavam e o coração batia forte. Sentou.

Passou a aula toda reparando nele. O sorriso, a mão que não parava, os cabelos negros caindo sobre a testa e a empolgação com que falava sobre Literatura. Os poemas pareciam ganhar alma na voz dele. A aula terminou e na saída, eles se esbarraram na porta. Se olharam, trocaram sorrisos e se foram.

Com o tempo, as aulas de Literatura ganharam um espaço enorme na vida dela. Agora ela lia cada vez mais, estudava com afinco as lições e estava sempre na biblioteca ou na livraria procurando um novo livro. E por causa disso, se tornou a melhor aluna da classe daquele professor. Era impossível não recorrer a ela quando toda a turma se mostrava silenciosa diante de alguma pergunta.

Com o tempo, os dois foram se aproximando e ele passou a indicar livros e filmes para ela. Às vezes no intervalo das aulas ou na volta para casa ele contava para ela sobre os filmes que gostava de assistir e falava da beleza das mulheres do cinema.

Durante os próximos três anos, ela tentou fazer-se notada. Cada vez que ele elogiava uma daquelas artistas de cinema, ela tentava imitar algo nelas: o cabelo, o vestido, o jeito de falar. Também leu todos os livros que ele indicou. Começou a escrever poemas e contos. Participava das aulas. Mas ela sentia que ele a via apenas como uma aluna e ela queria mais.

O segundo grau acabou. Naquele dia ela foi à escola só para se despedir dele. Se abraçaram e ela finalmente tomou coragem para perguntar:

- Quer sair comigo hoje?

Nesse momento sentiu que as bochechas coraram de vergonha.

- Não posso. Tenho um encontro com uma moça chamada Audrey.

Ela deu um sorriso forçado, disse até logo e saiu. Aquele foi o último dia dela na cidade. Se mudou para fazer faculdade.

Anos depois ela se tornou diretora de cinema. Era o quinto filme que lançava com sucesso. Logo depois da estreia, ela conversava com algumas pessoas que a parabenizavam quando viu uma figura que vinha em sua direção. Mesmo de longe ele chamou a atenção dela. Não sabia o que fazer, parecia que tudo a sua volta havia sumido, não podia mais escutar as pessoas que falavam com ela, não conseguia nem mesmo pensar direito, as mãos suavam e o coração batia forte. Sorriu. Era ele!

Ele se aproximou:

- Lembra de mim?

Como não lembraria? Ele continuava o mesmo, um pouco mais velho, mas era o mesmo. O olhar ainda era aquele penetrante de antes. Conversaram por horas.

Ela não podia deixar de perguntar:

- E você se casou com aquela moça chamada Audrey?

Ele riu copiosamente. E ela já estava ficando nervosa quando ele conseguiu responder:

- Você ainda lembra daquilo? Sua boba, eu estava falando da Audrey Hepburn! Eu apenas ia assistir um filme dela e afinal, não podia sair com uma aluna minha.

Ele se foi. Voltou para a cidade onde se conheceram.

Meses depois ela bateu na porta dele.

- É que tenho um filme inédito pra te mostrar...

Ele assistiu atento a história de uma aluna apaixonada por um professor. E, de repente, o filme acabou na hora em que a mocinha, já grande, perguntava se o ex-professor queria namorar com ela.

- É que eu preciso da sua ajuda pra terminar o filme...

Ele se levantou a pegou pela mão e começaram a dançar. Ele cantava no ouvido dela:


"Vivia a te buscar
Porque pensando em ti
Corria contra o tempo
Eu descartava os dias
Em que não te vi
Como de um filme
A ação que não valeu
Rodava as horas pra trás
Roubava um pouquinho
E ajeitava o meu caminho
Pra encostar no teu..."

Música: Valsa Brasileira, de Chico Buarque e Edu Lobo.

Textos e imagens desse blog só podem ser publicados e/ou utilizados em outros locais com autorização da autora.


terça-feira, 7 de julho de 2009

Efêmero

Para as minhas inquietações e perguntas do último post recebi algumas respostas por e-mail ou aqui mesmo no blog. Alguns se limitaram a se solidarizar comigo, outros arriscaram responder, alguns disseram também se perguntar as mesmas coisas. Há ainda aqueles que compartilharam experiências. Outros me disseram que nunca vou encontrar essas respostas. Uma contribuição muito importante foi da Lian, que me falou sobre o texto "Por um casamento", de Rubem Alves. Ele diz: " Sentimentos não podem ser prometidos. Não podem ser prometidos porque não dependem da nossa vontade. Sua existência é efêmera. Só existem no momento.".
Reproduzo aqui uma das duas versões que achei do texto:

Por um Casamento (Rubem Alves)


Escrevo hoje para os que casam, por medo de que, fascinados pelo rito do casamento, se esqueçam de um outro rito importante.
O primeiro rito nasceu de uma mistura de alegria e tristeza.
A definição mais precisa deste rito, eu a ouvi da boca de um sacerdote: ‘Não é o amor que faz um casamento", disse ele, "são as promessas".
Assustei-me. Mas sabia que assim era, no civil, casamento-contrato, rito frio da sociedade, para definir os deveres e a partilha dos bens e dos males.
Sociedade é coisa sólida. Precisa de pedra, ferro e cimento. Garantias.
Para isso os contratos. E a substância dos contratos são as promessas.
Ele estava certo. "Não é o amor que faz o casamento. São as promessas".
Muitas são as promessas que os noivos podem fazer: prometo protegê-la, prometo cuidar de você na doença, prometo não humilhá-lo, prometo não maltratá-la, prometo dividir os meus bens. Atos exteriores podem ser prometidos.
Assim se fazem os casamentos: com pedra, cimento e ferro. Mas as coisas do amor não podem ser prometidas.
Não posso prometer que, pelo resto de minha vida, sorrirei de alegria ao ouvir o seu nome. Não posso prometer que, pelo resto de minha vida, sentirei saudades na tua ausência.
Sentimentos não podem ser prometidos. Não podem ser prometidos porque não dependem da nossa vontade. Sua existência é efêmera. Só existem no momento.
O outro ritual se faz com o vôo das aves, com a água, espuma e bolhas de sabão.
Secreto, para ele não há convites. Não precisa de altares.
Secreto foi o casamento de Abelardo e Heloísa, o mais belo amor jamais vivido ( proibido ).
Não há convites, nem lugar certo, nem hora marcada: simplesmente acontece.
"Amor é dado de graça / é semeado no vento / na cachoeira / no eclipse..." (Drummond ).
"Como é formosa, como és formosa! Há mel em tua boca". ‘"O teu rosto é um canteiro de bálsamo e os teus lábios são lírios..." ( Bíblia Sagrada )
"Eu sei que vou te amar / por toda a minha vida eu vou te amar / em cada despedida eu vou te amar / desesperadamente eu sei que vou te amar..." ( Vinicius ).
Que o sorriso de um seja, para outro, festa, mel, doce de coco, peixe assado, onda salgada do mar..
Que as palavras do outro sejam tecido branco, vestido transparente de alegria, a ser despido por sutil encantamento...

sábado, 4 de julho de 2009

Cuidando de mim

Em 2007 a artista francesa Sophie Calle lançou a instalação “Prenez Soin de Vous” (“Cuide de Você”), em que 107 mulheres analisavam o e-mail que Sophie recebeu do namorado Grégoire Bouillier como forma de rompimento do relacionamento. O título de “Cuide de Você” se remete à última frase do e-mail de Grégoire. Depois de exaltar a namorada (o que todo mundo faz nos fins de relacionamento), dizer o quanto o namoro foi importante para a vida dele e afirmar que não poderia ser fiel a ela, Grégore termina com o singelo Cuide de você.
A exposição chega agora ao Brasil nesse mês e pode ser vista no Sesc Pompeia, de São Paulo, entre dez de julho e sete de setembro. A artista plástica e o ex-namorado, que é escritor, também participam da Flip, a Festa Literária Internacional de Paraty.
Eu soube dessa exposição logo depois do término do meu namoro. Meu ex terminou comigo por mensagem de celular no Dia dos Namorados. Assim mesmo, sem cara a cara, sem olho no olho, sem nem mesmo com o som da voz dele. Uma acusação feia e que não era verdade, um “agora acabou” e no final um perplexo (para mim) “boa tarde”.
Acho que qualquer fim de relacionamento é difícil, mas os que terminam por meio da tecnologia são mais cruéis. Sem chance de conversa, uma decisão unilateral e pronto. É claro que depois conversamos (porque eu fui atrás), e é claro que ouvi o clássico “você foi muito importante pra minha vida, me mostrou muita coisa, o problema não é você, você é uma pessoa fantástica” e para não deixar de ser clichê, no fim da conversa: “podemos ser amigos, se você quiser”.
Vocês devem estar se perguntando a razão de eu estar me expondo dessa maneira. Há uma única razão: busco respostas.
É que eu fico aqui me questionando sobre a responsabilidade e a capacidade de relacionamento que as pessoas tem. Como é que se faz juras de amor, promete casamento, planeja um futuro juntos num mês e tudo termina no outro?
A resposta do meu ex para a pergunta foi algo como sonhos são assim mesmo, construímos num dia e eles não se realizam depois. Mas isso não me preenche, não responde as minhas inquietações. Não é que tudo necessariamente deva sair como planejamos, mas não vejo verdade num sonho que deveria ser duradouro e que muda tão rápido.
Onde está a responsabilidade emocional das pessoas? Será que os relacionamentos estão fadados a isso mesmo? Será que numa época em que as pessoas ficam hoje com uma, amanhã com outra e não se prendem a ninguém, querer algo duradouro e estável é antiquado?


Textos e imagens desse blog só podem ser publicados e/ou utilizados em outros locais com autorização da autora.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

João e Maria

Às vezes, como hoje, tenho saudade da infância. Não do tempo em que eu era criança, mas da inocência da infância. Tenho saudade do tempo em que podia acreditar que tudo ia acabar bem, de acreditar que os adultos são capazes de nos proteger, de um simples abraço ser capaz de nos deixar seguros, de poder sonhar em ser qualquer coisa e poder ser (mesmo que fosse por alguns instantes), de não acreditar em maldades e do maior medo ser o medo do bicho papão...

É apenas uma música... mas pode ser algo mais para quem olha com olhos do coração.

João e Maria

Composição: Chico Buarque/ Sivuca

Agora eu era o herói
E o meu cavalo só falava inglês
A noiva do cowboy
Era você além das outras três
Eu enfrentava os batalhões
Os alemães e seus canhões
Guardava o meu bodoque
E ensaiava o rock para as matinês

Agora eu era o rei
Era o bedel e era também juiz
E pela minha lei
A gente era obrigado a ser feliz
E você era a princesa que eu fiz coroar
E era tão linda de se admirar
Que andava nua pelo meu país

Não, não fuja não
Finja que agora eu era o seu brinquedo
Eu era o seu pião
O seu bicho preferido
Vem, me dê a mão
A gente agora já não tinha medo
No tempo da maldade acho que a gente nem tinha nascido

Agora era fatal
Que o faz-de-conta terminasse assim
Pra lá deste quintal
Era uma noite que não tem mais fim
Pois você sumiu no mundo sem me avisar
E agora eu era um louco a perguntar
O que é que a vida vai fazer de mim?