segunda-feira, 30 de março de 2009

Se ele não está tão a fim de você, alguém pode estar


Tem uma música do Décio Marques que fala assim: “Era uma vez uma princesinha que beijou um sapo e virou uma ranzinha”.
Ultimamente tenho achado que é por aí mesmo. Ao invés de escutarmos historinhas sobre princesas que se casam com príncipes maravilhosos e perfeitos, deveríamos aceitar a realidade (mesmo que ela seja dura). E a realidade é que nossos príncipes se moldam aos nossos olhos. Eles não vem prontos e não são perfeitos.
Domingo assisti “Ele não está tão a fim de você” (He's Just Not That Into You, EUA, Alemanha, 2009). Filme que deveria ser obrigatório para toda mulher, principalmente as românticas.
O longa mostra a eterna busca pelo par perfeito e como nós mulheres nos iludimos com isso. O negócio é o seguinte: se ele não ligou, se não te procurou, não se iluda. Não fique pensando que ele está ocupado, que a avozinha dele está doente, que o moço pode ter sido atropelado ou abduzido. Ele simplesmente não está a fim de você.
Ainda tem aquele tipo que para se livrar do relacionamento aparece com aquela: você é tão maravilhosa que eu não te mereço. Querida, se ele te achasse tão boa assim como ele está falando, ele ia querer ficar com você e não te deixar!
E eu fico aqui pensando em quantas vezes nos deixamos abater por isso. Em quantas vezes acreditamos que depois daquela pessoa não existirá outra. Em como nos deixamos de lado por causa de uma pessoa que simplesmente não está interessada.
E enquanto nos fixamos em quem não está interessado, fechamos as portas para as coisas possíveis, para os nossos sapinhos que vão nos fazer sentir como rãs (mas felizes). Se ele não está tão a fim de você, alguém pode estar!

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quinta-feira, 19 de março de 2009

“Preciso olhar”, a versatilidade em cena

Fotos: Rubens Cerqueira

Eles já foram trapaceiros no “Cabra que matou as cabras”, contadores de causos em “Carro caído”, loucos no “Alienista”, bonecos em “Envelopes”, governadores e escravos em “Seu Palácio conta estória”, isso dentre tantas outras coisas... Agora eles são Hélio Fróes, Adriana Brito, Izabela Nascente e Lázaro Tuim procurando uma identidade em “Preciso Olhar”.
Gente como a gente. Hélio tem hiperhidrose, Adriana assiste filmes antigos, Izabela se prostitui para suas personagens e Tuim tem vergonha dos quilinhos a mais. E tudo isso em cena. Os atores se desnudam no palco. Pra falar a verdade, essa é a palavra: desnudar.
A peça, com direção de Henrique Rodovalho, começa com a projeção de um vídeo em que aparecem os quatro atores, cada um em um canto da tela. Uma parte do corpo de cada vez. Vamos descobrindo os olhos, a boca, o peito, a barriga, a perna, as cicatrizes e tatuagens de cada um. Partes de um todo.
Seres humanos dotados de capacidade de se socializar, principalmente se o motivo for bom, isto é: uma fêmea. Bem vindos ao Discovery Channel da Cia. Nu Escuro, uma voz, muito parecida com a de programas sobre vida animal, narra as ações dos atores na primeira cena, que se mostram exímios representantes de nossa espécie.
Os atores fazem parte de um mundo particular que transforma cada um de nós e caracteriza nosso regionalismo. Quatro pessoas que representam o todo. Do planeta Terra à Goiás, somos um Estado cercado por outros cinco. Temos cidades terminadas com “lândia”, como Damolândia, Doverlândia, o Distrito Federal está em nosso território e ainda há as turísticas Caldas Novas, Goiás e Pirenópolis. Goianos do pé rachado, que se transformaram, deixaram o carro de boi de lado e agora andam de Hilux e escutam Leonardo.
E se tem a busca por uma identidade como ser humano e como um ser inserido em uma sociedade, tem também a busca de uma identidade enquanto atores. Tudo começa com uma cena narrada por Adriana Brito, com direito a avião caindo, um casal brigão, um amigo intrometido, um outro que vive debaixo da saia da avó, uma velha que só fala de doenças e uma aeromoça que usa de toda a sua sensualidade para mandar os passageiros colocarem o cinto de segurnaça. Depois de toda essa mistureba os atores resolvem questionar o teatro.
Essa é uma das melhores partes da peça. Nesse momento a companhia mostra que conhece e transita bem por diferentes tipos de teatro, do apelo sexual de Nelson Rodrigues à grande expressividade do teatro de rua em uma única frase.
Com essa peça, a Cia. Nu Escuro mostra mais uma vez que tem uma identidade versátil, capaz de combinar diferentes linguagens e que atores e direção estão afinados, trabalhando em perfeita harmonia. Quem não assistiu a peça, precisa olhar...

“Preciso olhar” estreou dia 15 de março no Teatro Goiânia.

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sábado, 14 de março de 2009

Só podia dar nisso


Uma cidade cuja praia é um shopping; um centro de memória e referência vai ser desabrigado para dar lugar ao INSS; os teatros ficam em temporada no máximo um fim de semana; as pessoas só assistem no cinema os filmes que recebem mais divulgação; o maior lazer é o boteco; os jogos dos maiores times (Vila Nova e Goiás) terminam ou em pancadaria ou em morte; os vereadores trabalham (ou melhor dizendo, não trabalham) para ganhar o décimo quarto e o décimo quinto salários; que ainda tem um vereador que se veste de anjinho, um prefeito babão e um governador (ah, deixa pra lá, né?) só podia dar nisso: aviões sequestrados, adolescentes fatiadas por Mohamed Picadinho D’Ali, crianças torturadas por Sílvia Calabrese e ainda um depressivo que para suicidar em grande estilo joga um avião (com a filha dentro) no estacionamento do maior shopping da cidade.

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domingo, 1 de março de 2009

Como um anjo sem asas

Um anjo sem asas queria voltar para casa. "Mas como chegar ao céu?", se perguntava todos os dias.
Tentou avião, helicóptero e até mesmo um elevador. Nada subia suficientemente. Resolveu ser astronalta, mas só chegou até o espaço.
"Como alcançaria o paraíso?"
Um dia, quando já havia desistido de tantas invensões e maluquices. Já estava até conformado em viver na Terra. Estava andando meio destraído. Caiu num buraco bem fundo, bateu a cabeça e voltou pro céu.

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