quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Objetos

Trabalhando em um jornal policial, tenho percebido, com certo espanto, o crescimento de crimes chamados passionais. Crimes em que "mata-se por amor" (como se amor fosse isso). Hoje, mais uma vez tive que noticiar que uma mulher foi morta pelo ex-marido,inconformado com a separação.
Ela, como outras tantas mulheres que aparecem em nossos noticiários, foi
morta simplesmente porque disse não.
Estamos em uma época em que a mulher é tratada como objeto ou bicho, gostosa, potranca, cachorra, melancia, pera, minha, sempre minha. Objetos de desejo, levadas para a cama, usadas, descartadas depois. É assim mesmo, descartáveis.
O homem usa, se sacia e a mulher não tem direito nem de dar um basta em tudo isso. "Ah, tá, não me quer mais? Eu te mato!". Bem assim, como um copo de plástico que não tem mais serventia.
Jogada no lixo da indiferença, do ódio, da violência.
Estamos na época do tudo ou nada. Ou fica pra sempre (sob risco de apanhar ou morrer) ou não tem compromisso (o famoso ficar).
Relacionamentos saudáveis, nem pensar, né?
O homem tem que ter consciência, e isso parte de nós mulheres, de que somos seres humanos, dotados de sentimento e racionalidade. Temos direito de escolha, inclusive escolha de pararmos de ser uma estatística na matemática masculina: "Hoje peguei 5! Há há há", para delírio e gozo dos amigos. Não, aquela mulher não é mais um número,muito menos um órgão sexual ambulante, ela tem uma história, emoções, amigos, família e principalmente coração. E merecem respeito.

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