sábado, 24 de outubro de 2009

“As três irmãs”, para pensar a vida


Foto: Divulgação

Irina, Maria e Olga, três irmãs que tem muitos sonhos, mas o principal é voltar para a terra natal, Winston. Já no começo da peça “As três irmãs”, da Traço Cia. de Teatro, o público é convidado a sonhar também. Na comemoração do aniversário de Irina, a caçula, tanto as personagens como o público fazem pedidos e apagam velas: “casar”, “voltar para Winston”, “que todos sejam felizes”, “que vocês voltem mais vezes aqui”...
O texto foi escrito em 1900 pelo russo Anton Tchekhov e foi feito para ser uma comédia, mas acabou se transformando em drama. As irmãs passam anos desejando voltar para Winston, de onde saíram com o pai, um militar já falecido. Mas sempre há contratempos, é o irmão que se casa com uma adultera e decide não mais ser professor universitário, o casamento de Irina que não dá certo, um incêndio na cidade, o casamento de Maria sem amor e Olga que não consegue um pretendente.
Cada uma das irmãs tem uma deformidade. Maria tem os braços cortados na altura dos cotovelos, Olga tem quadris muito largos e Irina é corcunda. Ao redor das três circulam personagens menores, sem grandes sonhos que os movam, como o irmão, a cunhada e os militares (todos com seus problemas morais, como vício em jogo, adultério, loucura). Essas pessoas contrastam com as irmãs, que querem sempre crescer, seja no campo afetivo ou profissional.
“As três irmãs” fala de sonhos, de esperança, mas principalmente de solidão. A solidão daqueles que são deixados para trás pelo curso da história, daqueles que são esquecidos ou que simplesmente não acham seus pares.
Mesmo estando sozinhas desde o começo da peça, elas temem estar isoladas do mundo, por isso o desejo de voltar para Wiston (onde a vida faz sentido). Elas anseiam sair do trivial, do cotidiano que enrijece os sentimentos e que sufoca o espírito. Maria, Olga e Irina não querem apenas viver, querem uma vida que as satisfaça.


A peça tem adaptação e direção de Marianne Consentino, com interpretação primorosa de Débora de Matos, Greice Miotello e Paula Bittencourt. Ótima trilha sonora executada ao vivo pelos músicos Cassiano Vedana, Ive Luna e Gabriel Junqueira. “As três irmãs”, da Traço Cia. de Teatro, de Santa Catarina, foi apresentada durante a programação do Goiânia em Cena.


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