sábado, 4 de julho de 2009

Cuidando de mim

Em 2007 a artista francesa Sophie Calle lançou a instalação “Prenez Soin de Vous” (“Cuide de Você”), em que 107 mulheres analisavam o e-mail que Sophie recebeu do namorado Grégoire Bouillier como forma de rompimento do relacionamento. O título de “Cuide de Você” se remete à última frase do e-mail de Grégoire. Depois de exaltar a namorada (o que todo mundo faz nos fins de relacionamento), dizer o quanto o namoro foi importante para a vida dele e afirmar que não poderia ser fiel a ela, Grégore termina com o singelo Cuide de você.
A exposição chega agora ao Brasil nesse mês e pode ser vista no Sesc Pompeia, de São Paulo, entre dez de julho e sete de setembro. A artista plástica e o ex-namorado, que é escritor, também participam da Flip, a Festa Literária Internacional de Paraty.
Eu soube dessa exposição logo depois do término do meu namoro. Meu ex terminou comigo por mensagem de celular no Dia dos Namorados. Assim mesmo, sem cara a cara, sem olho no olho, sem nem mesmo com o som da voz dele. Uma acusação feia e que não era verdade, um “agora acabou” e no final um perplexo (para mim) “boa tarde”.
Acho que qualquer fim de relacionamento é difícil, mas os que terminam por meio da tecnologia são mais cruéis. Sem chance de conversa, uma decisão unilateral e pronto. É claro que depois conversamos (porque eu fui atrás), e é claro que ouvi o clássico “você foi muito importante pra minha vida, me mostrou muita coisa, o problema não é você, você é uma pessoa fantástica” e para não deixar de ser clichê, no fim da conversa: “podemos ser amigos, se você quiser”.
Vocês devem estar se perguntando a razão de eu estar me expondo dessa maneira. Há uma única razão: busco respostas.
É que eu fico aqui me questionando sobre a responsabilidade e a capacidade de relacionamento que as pessoas tem. Como é que se faz juras de amor, promete casamento, planeja um futuro juntos num mês e tudo termina no outro?
A resposta do meu ex para a pergunta foi algo como sonhos são assim mesmo, construímos num dia e eles não se realizam depois. Mas isso não me preenche, não responde as minhas inquietações. Não é que tudo necessariamente deva sair como planejamos, mas não vejo verdade num sonho que deveria ser duradouro e que muda tão rápido.
Onde está a responsabilidade emocional das pessoas? Será que os relacionamentos estão fadados a isso mesmo? Será que numa época em que as pessoas ficam hoje com uma, amanhã com outra e não se prendem a ninguém, querer algo duradouro e estável é antiquado?


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4 comentários:

Lorena Rodrigues disse...

Que o tempo lhe responda esses questionamentos e aquiete o seu coração!!!
Bela postagem!!

Dani Barbosa disse...

É querida gostaria de poder te ajudar com respostas, mas nesse momento me faço as mesmas perguntas!

Anônimo disse...

É tão difícil conhecer o que se passa no íntimo das pessoas, principalmente quando as julgamos bondosas, educadas, amorosas e no final são problemáticas, complexadas e desconhecidas, até para si próprias.
O jeito amiga é entrar numa fila e esperar o próximo. A vida é dessa forma...temos que estar buscando.
Desejo que sua procura cesse logo e que vc encontre o seu "principe encantado", do jeito que vc imagina.
Beijo da amiga solidária,
Marilena

Lian Tai disse...

Rubem Alves te daria, como resposta, uma crônica chamada "Por um casamento". É um texto lindo e reflexivo, você deve encontrá-lo sem dificuldades pelo google. Bjs!!