terça-feira, 18 de agosto de 2009

Como se faz um ator e também um personagem


Foto: Divulgação
Os três últimos espetáculos do Festival do Boneco dialogam entre si. É que de um modo ou de outro, eles falam sobre a criação do personagem e também do ator-manipulador.
“Mateus, o último homem da cobra”, do Mamulengo Presepada (DF), apresentado dia 16, traz o palhaço Mateus da Lelé Bicuda. Ele brinca com o público e ao contar uma história, dá a receita para se formar um ator. É que para o ofício precisa ser sem vergonha e ter fé. Sem vergonha para não se intimidar diante do público e ter fé para acreditar nos truques e desafios que deve realizar em cena. E assim ele mostra que uma pessoa da plateia pode se tornar um ator e que qualquer um de nós também. A partir daí fica fácil uma das crianças que assiste o espetáculo ser voluntária em uma das brincadeiras da peça.
Logo mais à noite, foi a vez da peça “O cata-vento (El molinete)”, do Grupo Gestus (SC). O espetáculo fala justamente da criação de um personagem. No princípio, Zoquete é só uma meia, mas vestida no braço do ator, se torna um boneco. Aí começam alguns questionamentos: Até onde o boneco pode ir sem seu manipulador? Será que uma vez criado, o boneco pode ganhar vida além de seu criador?
Zoquete quer partir, quer conhecer o mundo, quer viver sozinho e ter vida própria. Mas o manipulador tem ciúmes e não quer que ele parta. Chega até mesmo a desafiá-lo e diz que o boneco feito de meia não pode existir sem ele. Mas Zoquete tanto pode, como existe sem o bonequeiro, e assim ele vai embora procurando outros ares.
Outro fato interessante também foi o boneco gigante (Abílio Carrascal) que representa o Festival. Cicerone das apresentações, ele explica que na segunda-feira (dia 17) não haverá espetáculos porque os bonecos vão se reunir para discutir um assunto muito importante: Acham que estão sendo manipulados.
No dia 18, é anunciado o que foi concluído na fictícia reunião: Sim, realmente estão sendo manipulados. Mas eles já se articulam contra isso.
E aí temos a apresentação da Cia. Nazareno de Bonecos, com cenas curtas. O boneco Nanetto Pipeta adverte em relação à discussão manipulador/boneco: O problema não é ser manipulado, mas ser mal manipulado. E no fim do espetáculo ele completa: “Os manipuladores são as almas dos bonecos. Os manipuladores vão, os bonecos ficam e as histórias continuam”.

Quem quiser conhecer um pouquinho do trabalho da Cia. Nazareno pode ver a apresentação deles no Domingão do Faustão. Vale a pena, eles são muito bons:
http://www.youtube.com/user/nazarenobonecos

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