sábado, 22 de agosto de 2009

Festival do Boneco - a viagem


Foto: Divulgação "En Camino"

Terminou ontem o Festival do Boneco com o espetáculo argentino “En camino”, de Sergio Mercúrio. A peça conta a história de um jovem que viaja. E é bom ressaltar, como o próprio titeriteiro faz, que viagem não é como sair de férias. Viajar é entrar em contato com culturas e pessoas diferentes, deixar-se mudar, estar disposto a voltar diferente.
E nessa viagem ele encontra diferentes personagens: um boneco teimoso que quer ir à praia, uma avó que quer arrumar namorado para todas as moças solteiras da plateia, um bêbado poeta, um homem tímido que não fala e uma bailarina.
“En camino” é divertido, sensível e poético. Foi uma ótima escolha para o fechamento do Festival. Por meio da peça podemos lembrar e percorrer um pouquinho desses dias em que Goiânia foi invadida por bonecos. Uma viagem que, para o público, começou com um desfile de bonecos no Vaca Brava e terminou ganhando balinhas de uma avó que não ouve o neto que quer viajar. Muito mais que uma viagem com começo e fim, o Festival foi feito de bonecos dos mais variados e histórias de todos os jeitos.
Histórias requintadas como a de “Big Bang” que conta desde a criação do planeta até os dias atuais ou apenas histórias como as de “O cata vento” que fala de um boneco que quer sair pelo mundo levado por um cata vento. Os gêneros também variaram como “Sob a Luz da Lua”, que mistura terror e comédia na narrativa de um mendigo, ou peças como “Mateus, o último homem da cobra”, uma comédia que fala de um homem comido por uma cobra e seu compadre trapalhão.
Bonecos simples como os de “Mateus, o último homem da cobra” ou sofisticados como de “Criações Cia. Nazareno de Bonecos” que mostra um pouco da cultura brasileira com um gaúcho e até capoeiristas em cena. Muito mais do que bonecos manipulados, prevaleceram os teimosos, assim como Bob de “En camino” ou Zoquete de “O cata vento”. Eles dialogam com os manipuladores e querem saber sua origem e principalmente decidir o que vão fazer. Personagens que sobrevivem além dos bonequeiros.
O Festival do Boneco encantou as crianças que nesses dias se sentiram mais próximas do teatro, talvez pelo fato de bonecos estarem em cena. Muitas vezes os pequenos não se continham e gritavam alguma coisa para os personagens no meio do espetáculo. E também eram capazes de subir no palco como se já fizessem parte da peça. Mas o Festival mostrou principalmente que teatro de boneco não é só para as crianças. É coisa de adulto sim, com enredos inteligentes e manipulação apurada.
Sem dúvida nenhuma, quem encarou a maratona de espetáculos conseguiu entrar em contato com uma cultura pouco difundida em Goiás. E que agora, vira ponto de partida para algumas mudanças.

Obs.: Os espetáculos não mencionados não foram assistidos pela autora.

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