domingo, 2 de agosto de 2009

Tudo o que é bom merece ser revisto

Foto: Milena Jezenka

Muita gente não entende porque eu assisto o mesmo espetáculo teatral mais de uma vez. Alguns me olham com espanto e perguntam: "Mas você já não assistiu essa peça?". E eu, orgulhosamente respondo que sim e vou além, como quem passa vontade no outro quando está comendo algo muito bom, digo que já vi 2, 3, 6 vezes (depende da peça).
No fim de semana passado eu assisti "Preciso Olhar", da Cia. de Teatro Nu Escuro pela segunda vez. Foi muito bom para poder formular esse post. Um espetáculo é sempre mutante. Por mais que tenha coisas fixas, como o texto, a marcação cênica, o cenário, sempre acontecem coisas novas. Um ator que esquece uma fala, alguém da plateia que fala uma gracinha e até mesmo uma reformulação na peça.
Na apresentação da Nu Escuro fiquei prestando atenção na plateia (adoro fazer isso). Como os públicos são diferentes, as reações diante das cenas também são diferentes. Um exemplo disso foi quando os atores falavam como seria um tapa na cara no teatro infantil, como o Goiânia Ouro estava cheio de atores, o riso foi geral. Algo que não aconteceu na estreia da peça no Teatro Goiânia, em março.
Outro espetáculo que eu posso falar com propriedade é "O Cabra que Matou as Cabras", também da Nu Escuro. Eu o assisti seis vezes. Acho que a melhor apresentação foi a do Teatro Goiânia, quando a Cia. ganhou o prêmio de melhor peça do I Festival de Teatro de Goiânia. No meio de uma cena, o Abílio Carrascal derrubou todas as lâmpadas que ficavam no palco. Foi muito engraçado. A plateia achou um máximo! Todo mundo riu muito como se aquilo fosse parte da peça.
A primeira vez que assisti "Balé de Sangue", com o Anselmo Soares, era a estreia e achei mal. Até escrevi, na época trabalhava no Diário da Manhã, que ele podia trocar algumas cenas de lugar. E quando assisti da segunda vez, realmente as cenas estavam invertidas, o que deu outra cara para o espetáculo, o fez ficar mais denso e gostei muito.
Além das diferenças que os atores e a plateia proporcionam, há também a minha percepção do espetáculo. Como na primeira vez que assisti "Balada de um palhaço", com o Grupo de Teatro Arte e Fatos, fiquei chocada. Gostei muito, mas saí do teatro um tanto baratinada com aquela história do empregado que queria fazer algo diferente do que fazia todos os dias, mas era obrigado pelo patrão a trabalhar maquinalmente. Naquele momento da minha vida me senti como o Bobo Plin, o personagem. Mas na segunda, o sentimento já não era o mesmo. Era só apreciação mesmo, consegui só ver o quanto era bom e belo.
Há também aquelas peças que gostaria de ter assistido muitas e muitas vezes, mas que não pude, como a "Pedra do Reino", do CPT, ou Pinóquio, com a Cia. Giramundo.
É isso... tudo que é bom, merece ser visto mais de uma vez!

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Um comentário:

Hélio Fróes disse...

Massa Mayara!
Coloquei um link no meu blog, Ok?
Valeu!