segunda-feira, 25 de agosto de 2008

A Eternidade e um Dia

“Quanto tempo dura o amanhã?”
Um menino e um homem se encontram nas ruas da Grécia. O menino foge da guerra da Albânia, das bombas, dos bebês chorando a noite, das milícias armadas. O homem passou a vida toda exilado dentro de si mesmo, do trabalho e dos livros que escrevia.
Os dois se unem. Uma união marcada pelo medo. Medo do que virá. Ambos sabem qual será o ponto de partida, mas desconhecem a chegada. E não lhes resta tempo. Não podem ficar mais que algumas horas juntos. A história de um acalma o outro, ou será que a história de um faz com que o outro se esqueça de sua própria história?
O homem conta ao menino a vida do poeta, que sem saber o grego, comprava palavras para compor seus poemas. O menino passa a comprar palavras também. Palavras para compor uma vida longe da guerra. O homem já mexeu muito com palavras, talvez já não lhe restem tantas. Mesmo assim, o menino lhe ensina a palavra que significa ‘tarde demais’. Duas vidas que se encontraram tarde demais.
Na memória do homem, a esposa já morta. Nas cartas que ela escrevia enquanto ele estava exilado dentro de si mesmo, ela pedia um dia. Apenas um dia...
Que palavra serias capaz de me vender? Será que terei um dia ou serei apenas uma vida que chegou tarde demais?

Texto sobre o filme “A Eternidade e Um Dia”, do diretor Theo Angelopoulos.


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