sexta-feira, 11 de julho de 2008

Todos nós precisamos mesmo é de amor


Celine é uma francesa de 23 anos, assim como muitas moças que vivem por aí. É inteligente, bonita e foi criada para ser uma mulher bem sucedida. Quando criança, dizia aos pais que queria ser escritora e eles diziam “jornalista”, dizia que gostava de animais e eles respondiam “veterinária”. Cresceu com o futuro traçado: seria uma grande mulher. Mas ninguém a ensinou uma coisa. Nem os pais, as escolas que freqüentou quando criança e muito menos a Sorbone, a ensinou como lidar com seus relacionamentos amorosos. O tempo a ensinou a temê-los.
Um dia, durante uma viagem de trem pela Europa, conheceu um americano chamado Jesse. Depois de apelos do jovem, ela decidiu desembarcar com ele em Viena. A conversa fluiu. Primeiro coisas banais, histórias de crianças, conhecimento do mundo. Depois, um jogo de perguntas e respostas, falam sobre atração sexual, mas, um tabu: o amor. Mais conversa, mais conversa e vemos que os dois estão cada vez mais próximos. Um beijo ao pôr-do-sol. Intimidade, intimidade e finalmente eles falam de amor.
As narrativas amorosas são sofridas. Ele acabou de se separar da namorada, ela tem medo de se tornar obsessiva em relação aos homens. Amores frustrados, medo de se apaixonar. E quem é que nunca passou por isso?
Celine parece forte. É uma dessas mulheres que se olha e pensa: “Nossa, ela tem tudo bem traçado na vida. Sabe o que quer. Não precisa de ninguém. É inteligente, estudiosa, bonita...”. Mas quando a olhamos demoradamente vemos que seu rosto esconde um sorriso de criança, de menina que precisa de colo, de amor. E ela reforça isso ainda mais quando diz: “O que todos nós precisamos mesmo é de amor”. No fundo ela é romântica e sensível e se faz de forte só para se proteger, assim como alguns frutos são guardados por uma casca. Ela é amável.
Nove anos depois Celine e Jesse se reencontram em Paris. Eles se olham e a paixão continua a mesma. Relembram a noite mais intensa da vida de ambos e sabem que aquele encontro em Viena marcou-lhes a vida para sempre.
Ele está casado. Ela coleciona relações frustradas. O sentimento é o mesmo, só que carregado de uma dúvida: “O que teria sido de nossas vidas se tivéssemos ficado juntos no passado?”. Para essa pergunta não há resposta.
Talvez se Celine fosse brasileira e tivesse assistido “Deus e o Diabo na Terra do Sol” ela repetiria a Jesse as palavras de Curisco: “Eu tenho medo de ficar como o gado: sozinho mugindo pro sol”. E assim ele veria que ela é amável, isto é, digna para ser amada. E Celine estaria pronta para amá-lo.

Celine e Jesse são personagens dos filmes “Antes do Amanhecer” e “Antes do Pôr-do-Sol”.

4 comentários:

Dani Barbosa disse...

Olá

Tenho a mesma percepção da Celine e assim como me identifico com ela em muitos momentos dos filmes aconteceu novamente ao ler seu texto =)
Beijos

Mayara Vila Boa disse...

Olhem o comentário da Dulce. Ela enviou para o meu e-mail, já que não conseguiu colocar no Blog.
"QUERIDA MAYARA, GOSTEI MUITO DO QUE LI NO SEU BLOG. PARABÉNS. É UM PRAZER LER AS COISAS QUE VOCÊ ESCREVE. SÓ NÃO SEI COMO FAZER COMENTÁRIOS NO BLOG.
Dulce"

AL-Chaer disse...

Mayara,

Sou irmão da Dulce. Foi ela quem me indicou seu Blog e eu - também -gostei muito do que li, até agora, nos três primeiros "posts".

A maneira delicada e sincera como você se apresenta e convida seus leitores. Citar, de cara, Amelie Polin, que é uma personagem muito marcante na história recente do cinema, com seus "pequenos prazeres". E, a maneira interessante com a qual você escreve sobre Celine e Jesse.

Parabéns!
Sucesso para o Blog!

AL-Braços
AL-Chaer

Tereza Cristina disse...

Eu tenho medo de ficar como o gado.

Ah, eu tenho!

Bjus...