terça-feira, 19 de agosto de 2008

O vendedor de flores

Hoje eu até poderia escrever uma história de amor. Dessas como nos filmes de Hollywood: o mocinho e a mocinha são separados por alguma força do destino. Anos depois eles se encontram e sentem o coração bater mais forte. Depois disso, eu que não sou boba nem nada, copiaria modelos de roteiro que deram certo e colocaria a mocinha em cenas de choro por causa do mocinho. Enquanto isso, ele, ao som de uma trilha sonora bem romântica (sim, no meu escrito teria música), pensaria na nobre dama. E como eu adoro finais felizes, depois de vários percalços, um dia, o mocinho ligaria para a mocinha e marcariam um encontro. Ela desliga o telefone, com o coração apertado de tanta alegria, e sai correndo ao encontro dele (que é claro, será num lugar bem bonito). Daí, ela chega no lugar e ele está de costas. Como é de clichê, ele se vira vagarosamente enquanto a música tema do casal começa a tocar. Ela dá um sorriso, os dois se beijam e ao final do beijo eles dizem: Eu te amo.
Mas estou sem inspiração para contar histórias românticas hoje. Então, por falta de romance pra contar, decidi falar da vida real.

OFF: O vendedor de flores entrou na casa de dança./ Era um senhor de idade, aparentava ter mais de sessenta anos./ Não vendeu muitas rosas./ Talvez duas ou três./ Mesmo assim, não parecia triste, nem reclamou da vida./ Dançou abraçado com as flores vermelhas e brancas./ Parecia que enquanto dançava não se preocupava com a aposentadoria minguada, os remédios para comprar, as contas para pagar ou o aluguel vencido./ Pelo visto não se preocupava nem mesmo com o dinheiro que não teria para comprar comida no outro dia./ Sambou, como qualquer pagante, e foi embora.//

Sorri e cantarolei: “Amanhã vai ser outro dia. Amanhã vai ser outro dia”.


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2 comentários:

KK disse...

Pensando bem, o pior ou melhor, sei lá, é que amanhã vai ser outro dia mesmo, rs.
Aí, sobram questões: para que viver o futuro se só temos o hoje e como nos preparar para o amanhã melhor se vivemos apenas o agora?
Hoje eu estou com o coração apertado, como se tivesse que crescer sem querer querendo. Mudar de fase, como vc diz. Ontem acompanhei o aniversário de uma história de amor e fiquei à flor da pele. Já rezei pra São Peter Pan, meu padroeiro e o que vejo é q ele fez o que pode, não dá mais pra correr... Os filhos fazem parte de uma família completa... Isso me comove e desafia. Como sou covarde!

Mayara Vila Boa disse...

KK,
e quem foi que disse que crescer não dói nada? Dói um pouco, mas depois passa. Depois dói de novo pra crescermos em outra coisa e assim vai...
Lembra do Édipo? Ele e os pais tentaram correr,mas o destino os pegou de jeito. De algumas coisas não podemos fugir mesmo, então, o melhor é relaxar e torcer para que o futuro seja melhor. O que não dá é pra ficarmos parados. O rio sempre deve correr para o mar, mesmo que ele não saiba o que vai encontrar logo mais a frente.
Enquanto você cria coragem, vou te emprestar uma frase do Chico Buarque que sempre me acalma: "Não se afobe não que nada é pra já".